O que é a psicologia do trabalho?

A psicologia do trabalho é uma especialidade que vem ganhando espaço e prestígio nos últimos anos. Consiste no estudo dos processos psicológicos e comportamentais das pessoas na empresa.

Quando falamos em saúde ocupacional, geralmente pensamos em como o trabalho afeta a saúde corporal, e uma prova disso é que as principais orientações sobre prevenção de riscos ocupacionais estão voltadas para a segurança física. Mas e quanto a saúde mental? Cada colaborador passa mais de um terço do dia no trabalho, por isso o bem-estar psicológico é fundamental para alcançar um desempenho melhor e evitar um impacto negativo em sua vida pessoal.

A psicologia do trabalho, também chamada de psicologia ocupacional, foi a responsável por suprir essa necessidade e consta como uma das principais áreas com oportunidades de trabalho para pessoas que cursam Licenciatura em Psicologia. Essa especialidade analisa o comportamento humano no ambiente de trabalho a partir de uma perspectiva individual, coletiva e organizacional, além de buscar promover um ambiente agradável com um duplo objetivo: benefício para a empresa e para os colaboradores.

Qual é a importância da psicologia do trabalho?

A psicologia do trabalho deve ser aplicada por profissionais, pois tanto a saúde física quanto, principalmente, a mental são variáveis importantes a serem consideradas no ambiente de trabalho. Isso fomenta a inclusão do cargo de psicólogo ocupacional nas equipes das empresas como o elemento fundamental que garante a união perfeita entre produtividade profissional e bem-estar pessoal. Os colaboradores são o pilar que sustenta o sucesso empresarial, motivo pelo qual essa questão recebe cada vez mais atenção. Mas em que áreas sua figura é particularmente importante?

  • Recursos Humanos: é um perfil especializado em contratar o talento adequado para cada cargo; o que se tornou um dos maiores desafios do cenário empresarial atual, tendo em vista que o preenchimento de vagas está cada vez mais complicado. Por isso, os parâmetros psicométricos são essenciais para que os recursos de seleção encontrem a correspondência ideal entre as necessidades da empresa e os talentos disponíveis, o que é levado em consideração pela Randstad DNA, a única ferramenta do mercado que oferece esse recurso.
  • Prevenção de Riscos Ocupacionais: analisa o estado de ânimo, a produtividade e os diversos fatores condicionantes que podem afetar o desenvolvimento do trabalho em seus vários níveis de produção. Pondera as necessidades dos colaboradores e da organização, detecta os fatores de risco, identifica possíveis conflitos e os soluciona por meio de técnicas psicológicas.
  • Mentoria: assessora pessoas em cargos de responsabilidade sobre questões de liderança, interações interpessoais e negociação. Também sugere planos de ação para neutralizar os possíveis problemas identificados e propõe as técnicas de fluxo de trabalho mais adequadas para otimizar os esforços sem sobrecarregar os colaboradores, realizando uma avaliação constante dos resultados.

Do mapeamento da jornada do cliente ao mapeamento da jornada do colaborador

Muitas empresas colocaram o cliente no epicentro de todos os objetivos, até mesmo em se tratando de reputação empresarial. Para tanto, procuram avaliar a experiência completa do cliente, com o intuito de promover ações a fim de oferecer uma experiência satisfatória e personalizada.

Com base nisso, surgiu o Mapeamento da Jornada do Cliente, uma ferramenta que analisa o ciclo de compra do ponto de vista do cliente. Para isso, cada uma das etapas de um processo é representada graficamente, com a intenção de saber como o cliente se sente e quais são suas preocupações e necessidades em relação à marca em cada momento.

Sem dúvidas, é fundamental que toda empresa gere valor para seus clientes, mas eles não são os únicos que exercem uma influência significativa na reputação de uma organização. Nesse sentido, também é conveniente dedicar atenção aos colaboradores, que podem se tornar os melhores embaixadores de uma marca.

Sendo assim, nos últimos anos, surgiu o Mapeamento da Jornada do Colaborador que, como o próprio nome indica, baseia-se nos fundamentos do Mapeamento da Jornada do Cliente. Trata-se de uma análise da trajetória global dos colaboradores que tem como foco estudar o dia a dia de cada pessoa. Seu objetivo é alinhar a cultura empresarial com a perspectiva informada pelo próprio trabalhador, para poder adotar medidas a esse respeito.

O papel do psicólogo ocupacional

O psicólogo ocupacional tem o que é preciso para dar o salto qualitativo organizacional em empresas de todos os portes e setores, pois cuidar da saúde mental dos profissionais é cuidar da saúde da empresa. É o perfil ideal para coordenar a implementação de técnicas de bem-estar corporativo que permitem melhorar o bem-estar no âmbito sócio-ocupacional, um fator diretamente proporcional ao nível de produtividade e benefícios.

Qual é o objetivo do cargo de psicólogo ocupacional?

O objetivo de um psicólogo ocupacional é aplicar os princípios da psicologia dentro das organizações para o gerenciamento correto do comportamento humano no ambiente de trabalho. O psicólogo ocupacional pode fazer parte do quadro da empresa, ou seja, ser um colaborador contratado da organização, normalmente parte do departamento de recursos humanos, ou pode prestar serviços por intermédio de uma empresa terceirizada.

Até recentemente, dentro das organizações, o psicólogo ocupacional era visto como uma figura cujas funções se limitavam ao recrutamento de colaboradores e atração de talentos, mas as necessidades mudaram e suas funções evoluíram ao longo do tempo. O psicólogo ocupacional ocupa um papel fundamental nas diversas áreas já mencionadas das organizações. Entre suas funções de maior destaque, podemos citar as seguintes:

  • Realizar análise, acompanhamento e avaliação do desempenho do trabalho para alcançar a sua otimização. Por exemplo, esse profissional pode implementar ações destinadas a incentivar, recompensar e remunerar os colaboradores.
  • Promoção da saúde na empresa por meio de ações voltadas ao cuidado com o bem-estar de seus colaboradores.
  • Ser responsável pela área de treinamento, elaborando os programas de capacitação necessários para o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores, bem como os planos de carreira e promoções.
  • Assessorar tanto os gestores, por exemplo, em alguma negociação coletiva, quanto outros departamentos da empresa, como o setor de comunicações com o objetivo de melhorar a imagem corporativa da organização.

Quais questões são tratadas pelo psicólogo ocupacional?

Não podemos desprezar nenhuma das consequências do mal-estar no ambiente de trabalho, já que isso pode acarretar desde situações de absenteísmo laboral até problemas psicológicos que tradicionalmente são resumidas pelo termo “estresse”. Felizmente, pesquisas na área da psicologia do trabalho viabilizaram um progresso e a definição de várias situações que podem surgir nesse ambiente, abrindo assim caminho para a sua solução.

Principais problemas psicológicos decorrentes do trabalho

Os principais problemas psicológicos identificados no ambiente de trabalho são:

  • Síndrome de burnout: é um dos transtornos mais frequentes relacionados ao trabalho e, de fato, vem ganhando cada vez mais relevância na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. Pode ser descrita como uma exaustão física e emocional que surge quando uma pessoa se sente sobrecarregada com seu ritmo de trabalho. A sua principal consequência é um esgotamento que impede o profissional de ter um desempenho adequado porque bloqueia suas habilidades e motivação. A partir da psicologia do trabalho, foi desenvolvido o teste de Maslach, que permite detectar possíveis casos, identificar sua causa e facilitar a implementação de uma metodologia para preveni-la e tratá-la.
  • Síndrome do impostor: desenvolve-se quando uma pessoa sente que suas conquistas não são merecidas e são fruto da sorte ou do acaso e não do seu trabalho, dedicação ou perseverança. É um sentimento de inferioridade, um problema de autoestima no qual a pessoa não consegue reconhecer seu próprio valor. Do ponto de vista de gênero, é um transtorno muito mais frequente em mulheres do que em homens, principalmente em ambientes de trabalho tradicionalmente masculinos, que se baseiam em estereótipos socioculturais arcaicos que, aos poucos, tendem a ser rompidos. Mulheres de sucesso como Michelle Obama, Meryl Streep ou a diretora de operações do Facebook, Sonia Sotomayor, admitiram ter sofrido desse transtorno.
  • Síndrome da estagnação corporativa: acomete os profissionais que sentem que sua carreira não está evoluindo e perdem a motivação, um sentimento que afeta a vida pessoal e se reflete em sua produtividade. É essencial ter as ferramentas que permitam detectar e desenvolver os colaboradores, uma missão a cargo do psicólogo ocupacional.

Cinco pontos importantes para um ambiente de trabalho psicologicamente saudável

Buscar deixar o ambiente sócio-ocupacional o mais agradável possível é fundamental para evitar a ocorrência de síndromes e complexos que afetem os profissionais e impeçam que aproveitem ao máximo suas habilidades. Por meio de um bom trabalho de liderança e um avanço na mentalidade corporativa, grandes mudanças podem ser alcançadas e o envolvimento e desenvolvimento dos colaboradores podem ser potencializados. Eis alguns meios para alcançar esse objetivo:

  • Promoção interna para a retenção de talentos: propiciar especialização por meio de capacitação, bem como detectar e fomentar as melhores qualidades dos profissionais são medidas que permitem promover o crescimento pessoal e profissional ao mesmo tempo em que formam uma equipe profissional mais competente.
  • Empoderamento: está claro que a falta de autoestima é uma das principais causas de problemas psicológicos no ambiente de trabalho, portanto, o empoderamento deve ser incentivado para derrubar as principais barreiras que impedem o desenvolvimento dos colaboradores: aquelas impostas pela própria pessoa.
  • Modelo de organização horizontal: uma opção na qual cada vez mais empresas apostam é a mudança da mentalidade em relação aos tradicionais modelos verticais unidirecionais, optando por um sistema de cooperação e unidade em que todas as opiniões importam. Modelos organizacionais inovadores, como a redarquia, permitem maior autonomia, o que incentiva a motivação e o sentimento de pertencimento.
  • Mais gestores da felicidade e menos chefes: em plena evolução do conceito de liderança, nascem novas figuras organizacionais mais humanizadas, com maior proximidade e positividade, como o CHO (Chief Happiness Officer), ou seja, o profissional responsável pela felicidade corporativa. Os CHOs são os novos líderes e chegaram para ficar.

Cuidar da marca empregadora deve ser um dos principais objetivos para as empresas no século 21. Em uma época em que existe uma alta rotatividade de empregos e o modelo de fazer o mesmo trabalho por toda a vida está se tornando obsoleto diante da busca constante por crescimento e especialização, apostar na retenção e no desenvolvimento dos colaboradores torna-se uma das principais questões pendentes.