Pessoas que têm procurado emprego recentemente já estão familiarizadas com a ênfase que as empresas dão aos seus valores como forma de atrair e reter talentos. Mas quantas dessas empresas e seus líderes de fato praticam esses valores? Como diretora-executiva da Randstad no Norte da Europa, preciso fazer as mesmas perguntas para mim mesmo. Como líder, o que eu posso fazer para melhorar a cultura do meu local de trabalho e ajudar os colaboradores? 

Acredito que a resposta esteja em ser humilde e humano. Os melhores líderes com quem trabalhei sempre estiveram dispostos a ouvir e a aprender.

Leia a seguir, os quatro princípios que considero mais úteis para ser um líder eficaz.

1. curiosidade

Sou muito curioso por natureza. Sempre fiz questão de entender como as coisas funcionam para tentar melhorá-las, o que provavelmente explica minha carreira anterior como engenheiro. Mesmo em uma profissão que exige tanta precisão, como a de engenharia, muitas vezes eu encontrava problemas associados a "fatores humanos" no trabalho que ninguém parecia ser capaz de prever ou planejar. Ao refletir sobre como poderíamos entender melhor e mitigar esses problemas, decidi migrar para a Randstad para explorar minhas ideias relacionadas à gestão de talentos. Aqui nossa curiosidade está centrada em entender o lado humano do recrutamento. 

Meu interesse específico é a Marca Empregadora e as razões pelas quais as pessoas escolhem uma empresa ou a evitam. Olhar para esse tipo de dado ajuda os líderes curiosos a entender o que eles devem oferecer e o que eles podem fazer para atrair novos colaboradores e reter os atuais.

 

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Os melhores líderes com quem trabalhei sempre estiveram dispostos a ouvir e a aprender.

Dominique Hermans
Diretor-executivo no Norte da Europa

2. empatia

Não consigo pensar em um clichê maior no recrutamento do que descrever uma empresa como "uma grande família feliz". Apesar disso, acredito que podemos aprender da mesma forma de  como solucionamos as coisas em casa. Empatia e compreensão são essenciais no processo de tomada de decisão, onde quer que você esteja. Quando temos um problema na minha família, nos sentamos à mesa da cozinha e tentamos resolvê-lo. Tentamos solucioná-lo juntos, mas primeiro precisamos entender quais são os problemas, Quando isso é feito com empatia, é provável que o resultado seja positivo.

Um líder mais tradicional pode se sentir pressionado a solucionar os problemas por conta própria, sem consultar as partes afetadas até que a decisão tenha sido tomada. Acredito que a liderança moderna já superou isso. Líderes modernos acolhem a ideia de que devemos procurar entender os problemas com empatia e, em seguida, resolvê-los de forma colaborativa. 

3. inclusão e equidade

Todo mundo possui um talento. Como líder, uma parte fundamental na gestão de talentos é certificar-se de remover obstáculos desnecessários no caminho do sucesso. Se os líderes compreenderem que inclusão e equidade são aspectos importantes e  necessários, pois podemos nos beneficiar deles, a proposta de valor de incentivar um ambiente de trabalho mais diversificado e igualitário se torna muito mais clara. É uma relação "ganha-ganha". 

Um exemplo pequeno, mas significativo, é que vemos cada vez mais mudanças de linguagem utilizada nos anúncios de vagas. Anos atrás, um anúncio de vaga para um trabalho físico a ser desempenhado em uma fábrica muitas vezes era redigido, quase propositalmente, de uma maneira que atrairia apenas homens. As habilidades necessárias acabavam focando apenas na força física. Atualmente, é mais provável que esse tipo de publicação seja direcionado a pessoas saudáveis e ativas que gostariam de combinar sua paixão por manter a forma com um trabalho que ajudará a alcançar esses objetivos pessoais. 

Dessa forma, a vaga se torna muito mais interessante para um grupo maior de pessoas. Também se trata de um indicativo importante para os candidatos: se a mensagem é inclusiva, a empresa também deve ser.

4. flexibilidade

Outra lição que aprendi com minha família sobre ser um líder foi através de nossas férias anuais. Mais uma vez sentados ao redor da mesa da cozinha, falamos sobre o que cada um espera fazer durante as férias. Um quer praticar mountain bike, outro quer ir às compras, outro quer ir à praia, e assim por diante. Você deixaria uma pessoa decidir o que todo mundo deve fazer? Eu imagino que dessa forma nem todos ficariam satisfeitos. É o mesmo princípio com os papéis de liderança: se você não está incluindo as pessoas na tomada de decisões, você  está excluindo-as.

Portanto, ser flexível e permitir que todas as vozes sejam ouvidas, cria um ambiente de inclusão.

Talvez nesse aspecto esteja a maior oportunidade para que o líder exercite essa mudança de uma abordagem hierarquizada para uma abordagem colaborativa.

sobre a autora
dominique hermans
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chefe executiva do norte da europa

Dominique Hermans é a Diretora Executiva do Norte da Europa, responsável por Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Alemanha, Hungria, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Romênia, Suécia, Suíça e Países Baixos. Dominique entrou na Randstad há 22 anos e desde então trabalhou em várias posições dentro da organização, incluindo Gerente Regional e Diretora de Operações na Bélgica. Em 2015, ela mudou-se para o Grupo Randstad nos Países Baixos como Diretora Executiva da Tempo-Team e posteriormente foi nomeada Diretora Executiva da Randstad nos Países Baixos em abril de 2018 e CEO do Grupo Randstad nos Países Baixos em 2021. Dominique possui um mestrado em Ciências Industriais pela KU Leuven.