O estudo global Relatório de Ameaças à segurança na Internet (ISTR, na sigla em Inglês), que analisa 157 países, indica que o Brasil é o sétimo em um ranking dos que mais geraram ciberataques no mundo, em 2017. De acordo com a pesquisa, a posição sobe para terceiro lugar na lista entre os que mais disseminaram ameaças por spam ou e-mails não solicitados e em quarto quando os vírus de computador são espalhados por meio de bots (robôs virtuais).
Diante desse cenário, mais empresas estão em busca de profissionais para deixar seus ambientes de tecnologia seguros, enquanto novos cursos na área de cibersegurança surgem nas escolas. Em algumas turmas, 50% dos estudantes já atuam no setor.
O especialista em segurança virtual está em alta no mercado, diz Frederico Costa, diretor da área especializada em recrutamento para tecnologia da consultoria Randstad. “O primeiro semestre já superou em 50% o total de contratações que fizemos para essa posição, em todo o ano de 2017.”
No ano passado, a consultoria auxiliou na contratação de 12 profissionais, principalmente para os segmentos de auditoria e financeiro, com a maior parte da demanda concentrada no último trimestre. Em 2018, esse número subiu para até 18, em junho. “A expectativa é que o aumento de admissões continue, com um saldo final em 2018 até três vezes maior do que o volume obtido em 2017.”
Costa diz que as empresas querem gestores de cibersegurança com bagagem técnica, mas que apresentem características adicionais, como curiosidade e aptidão para absorver, rapidamente, novas tendências tecnológicas. “Além disso, ele vai precisar circular em diferentes setores das companhias para manter contato com outros gestores e entender os possíves riscos de segurança de cada área.” A faixa salarial média, em uma grande organização, é de 20 mil, para cargos de liderança.
A Fiap, faculdade da área tecnológica, oferece o MBA em gestão de segurança da informação desde 2003, mas criou um novo programa, de defesa cibernética, que iniciou uma turma este ano. A graduação, com dois anos de duração, é oferecida nas modalidades presencial e on-line, com duas mil horas/aula. A procura dos alunos foi acima da expectativa, segundo o diretor acadêmico Eduardo Endo. “Enquanto muitos cursos apresentam um número de novos ingressantes na faixa de 100 alunos, este teve 160”, diz. “Os estudantes procuram aulas mais ‘hands-on’ [mão na massa], em que os conceitos de segurança possam ser testados na prática.”
Na Faculdade Impacta, também conhecida pelo ensino na área de tecnologia, o destaque é a pós-graduação Lato Sensu Cyber Segurity, na grade há três anos. O programa inclui simulações de um ambiente corporativo em que os alunos passam pela experiência de um ataque, além de contar com uma banca de professores que faz as vezes de um comitê executivo de uma empresa. “Eles vão avaliar aspectos técnicos e o alinhamento dos alunos com a necessidade dos negócios apresentados em sala”, explica a coordenadora de pós-graduação Nádia Guimarães.
Para Dirceu Matheus Júnior, coordenador dos cursos de educação continuada da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os alunos dos cursos de cibersegurança também querem docentes que sejam profissionais da área e desejam trocar experiências com os colegas. “ Pelo, menos 50% dos estudantes já atuam no setor.” (JS)
Fonte: Jornal Valor Econômico