Os RHs brasileiros estão mais dispostos a adotar tecnologias em seus processos, mas ainda esbarram em barreiras como a falta de eficiência na gestão de dados e a dificuldade de engajar os funcionários as novidades.

A conclusão é da empresa de recrutamento Randstad, que consultou 800 executivos de alto escalão de 17 países, entre eles o Brasil, onde 100 profissionais participaram. A pesquisa mostra que em 2017 e 2018, o brasil ganhou nove pontos na nota que mede a disponibilidade de adotar tecnologias em processos de RH, o que fez com que o país avançasse seis posições na comparação com outros mercados. Quando medida a taxa de adesão, no entanto, a nota do país cresceu em menos velocidade – quatro pontos – o que fez com que o país caísse dois lugares no ranking. A Suécia lidera as duas listas.

Pavel Kerkis, diretor da Randstad Sourceright, unidade do grupo que comercializa sistemas de tecnologia para RH, destaca que o país ainda assim se posiciona junto a mercados com mais maturidade na área. No Brasil, as tarefas que os empregadores mais desejam automatizar, segundo a pesquisa, são os rastreamentos de dados e métricas de RH (58%), o agendamento de entrevistas de candidatos (55%) e a gestão de “HR Analytics”, ou análise de dados mais profunda da área (52%). Globalmente, 51% já   têm o rastreamento de dados automatizados e já adotaram “HR Analytics” na gestão de pessoas.

Para Kerkis, os brasileiros são abertos a novas soluções, mas ainda precisam superar o conservadorismo. “Todo mundo fica esperando para ver quem vai primeiro“, diz. Ele avalia que a procura por soluções tecnológicas para o RH deve aumentar porque o assunto está mais difundido entre profissionais e porque algumas empresas que foram pioneiras na adoção dos processos estão sendo vistas como casos de sucesso. “ O RH cada vez mais precisa tornar tangível o serviço que presta para o negócio. “

A falta de maturidade na organização dos dados da empresa – como sistemas fragmentados que não se comunicam ou dificuldade para levantar informações necessárias para mover as ferramentas – é outro ponto que impede ou atrasa a adoção de tecnologias, em especial as que usam “data analytics” e inteligência artificial. Para algoritmos funcionarem bem, eles precisam ser “alimentados” por grandes quantidades de dados. “Não se pode falar em estatísticas e analytics se não se tem dados confiáveis“, diz Kerkis.

Comunicar com eficiência como será o processo de adoção de novas tecnologias é outro desafio que as empresas estão enfrentando, diz Kerkis. “Muitas vezes elas investem no sistema, mas as pessoas não usam. A tecnologia não adianta por si só, por melhor que seja a solução, se a companhia não trabalhar o processo de gestão da mudança de maneira correta”, diz.

 

Fonte:  Valor Econômico

https://valor.globo.com/carreira/recursos-humanos/noticia/2018/10/18/rh-sofre-com-pouca-eficiencia-na-gestao-de-dados.ghtml