Este artigo foi publicado originalmente no site da Forbes. Esta é uma republicação da coluna de Sander van 't Noordende, CEO da Randstad.

Como engenheiro formado, as habilidades que adquiri na universidade continuam sendo valiosas no meu papel como CEO de uma organização global de talentos. Encarar desafios com mentalidade analítica, valorizar diferentes perspectivas e encontrar soluções de forma colaborativa com outras pessoas são apenas alguns dos aprendizados fundamentais que me auxiliaram. Tudo isso para dizer que, embora a IA e a tecnologia avancem rapidamente, muitas habilidades humanas são insubstituíveis, e isso é algo a ser valorizado neste momento crítico da próxima revolução industrial. 

Quando se trata de escolher entre temer que a tecnologia destrua empregos ou acreditar em seu potencial de criá-los, eu sempre fico com o lado otimista. A história mostra que os empregos e funções evoluem junto com a tecnologia, e não há motivo para pensar que agora será diferente.

Na semana passada, participei da Cúpula de Crescimento do Fórum Econômico Mundial, onde líderes discutiram como preparar a força de trabalho global para as disrupções tecnológicas. Saí ainda mais convicto de que valorizar e potencializar as habilidades humanas é essencial.

Mais do que nunca, precisamos unir esforços para enfrentar os desafios globais e garantir que a tecnologia seja uma aliada na construção de um futuro de oportunidades.

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A demanda por habilidades cognitivas cresce mais rápido. A resolução de problemas tornou-se uma das competências mais desejadas, e muitas vezes as empresas valorizam isso mais do que as habilidades técnicas. Os negócios estão cada vez mais interessados em contratar pessoas que tenham essa habilidade e, depois, ajudá-las a desenvolver as competências técnicas necessárias.

Sander Van 't Noordende
CEO, Randstad

criatividade e análise à frente

Habilidades como pensamento criativo e analítico, resiliência, flexibilidade e agilidade devem se tornar ainda mais valorizadas até 2027, de acordo com o relatório Future of Jobs 2023 do WEF. A pesquisa foi baseada na contribuição de 803 empresas que empregam 11,3 milhões de colaboradores.

Os humanos são muito melhores em ideação, colaboração, liderança e empreendedorismo, competências e atitudes difíceis de replicar com IA.

De fato, a demanda por habilidades cognitivas cresce mais rápido. A resolução de problemas tornou-se uma das capacidades mais desejadas, e muitas vezes as empresas valorizam isso mais do que competências técnicas. As organizações querem contratar talentos com esse diferencial e, depois, oferecer o desenvolvimento técnico necessário.  

Ao mesmo tempo, empregadores podem potencializar essas qualidades com o uso cuidadoso de ferramentas que complementam as capacidades humanas. Ao permitir que a IA ou a automação assumam tarefas demoradas e repetitivas, os colaboradores podem otimizar seus talentos em torno do engajamento com clientes, análise e colaboração.

Na indústria de serviços de RH, a IA está transformando a aquisição de talentos de maneiras inovadoras. Além de aprimorar a compatibilidade entre talentos e vagas, a tecnologia permite prospecção e triagem, agendamento de entrevistas e construção de relacionamento. Essas ferramentas liberam recrutadores para estabelecer conexões mais próximas e pessoais com os talentos. 

As ferramentas certas podem tornar as pessoas ainda mais eficazes, eficientes e produtivas. Isso gera valor, trabalho com propósito e também uma força de trabalho mais feliz e satisfeita.

 

habilidades especializadas em alta demanda

O aprimoramento das capacidades humanas também está levando a uma maior especialização. A pesquisa do WEF mostrou que 44% das competências centrais dos empregadores vão mudar nos próximos cinco anos, o nível mais alto desde o início da pandemia. Além disso, a adoção tecnológica será o fator com maior impacto na transformação dos negócios, segundo 85% dos entrevistados.

Esses indicadores sugerem que precisamos de mais solucionadores criativos de problemas, com domínio em áreas emergentes e especializadas, como saúde, mudanças climáticas e gestão ambiental. 

Os empregos tendem a se tornar cada vez mais especializados em função da tecnologia. Basta pensar nos mecânicos de automóveis, cujo trabalho passou a incluir diagnósticos de software e gestão de baterias devido a veículos mais sofisticados e movidos a energia. Da mesma forma, cirurgiões acostumados a realizar procedimentos manuais podem precisar aprender tecnologia robótica para oferecer cuidados remotos. Adaptar-se à natureza em constante mudança do trabalho já é, por si só, uma habilidade valiosa, além de ser uma exigência que bilhões de pessoas devem seguir.

A especialização também oferece grandes benefícios aos talentos. Devido à significativa rotatividade no mercado de trabalho, o WEF prevê uma mudança de 23% entre empregos criados e empregos extintos nos próximos cinco anos, profissionais com domínio em um campo específico tendem a ter competências mais valorizadas do que aqueles com habilidades superficiais. Além disso, especialistas também tendem a ter maior potencial de ganhos.

A especialização é igualmente importante para trabalhadores de diferentes áreas, sejam cargos administrativos ou operacionais, o que representa um incentivo para todos aprimorarem suas habilidades. 

À medida que o mundo do trabalho continua evoluindo e se reestruturando, ajudar as pessoas a se prepararem para o que está por vir será uma tarefa monumental. Iniciativas individuais, sejam de governos, do setor privado ou de organizações trabalhistas, não serão suficientes. Será necessário um esforço coordenado e unificado de todas as partes interessadas.

Felizmente, a partir das discussões da Growth Summit da semana passada, incluindo um painel sobre o futuro dos empregos, já é possível ver que muitos estão colaborando para requalificar e aprimorar as habilidades de milhões de pessoas. E talvez essa seja a notícia mais encorajadora que saiu de Genebra.

 

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