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Saiba como usar a diversidade de nacionalidades a favor da produtividade para ter um time multicultural de sucesso

Colegas estrangeiros: 91% dos brasileiros valorizam a diversidade cultural no ambiente de trabalho (Rawpixel.com/Você S/A)

Não é incomum, hoje em dia, ter equipes compostas por funcionários de diferentes nacionalidades nas empresas – um quadro que é visto com bons olhos pelos trabalhadores brasileiros. Uma pesquisa realizada pela Randstad, consultoria de recursos humanos, com 13 600 pessoas em 34 países, revelou que 91% dos profissionais de nosso país valorizam a diversidade no ambiente de trabalho.

Essa abertura aos estrangeiros reflete uma realidade cada vez mais frequente nas empresas, inclusive as nacionais, de ter equipes globais. Mas estar nesse contexto exige alguns cuidados – principalmente da liderança, que precisa aprender a gerir e motivar empregados de culturas, muitas vezes, bastante diferentes.

Para João Marques, presidente da EMDOC, consultoria empresarial especializada em mobilidade, os gestores de equipes multiculturais precisam tomar algumas atitudes para reduzir o risco de problemas. “A empresa que traz esses estrangeiros tem de prepará-los, de modo que eles consigam entender a cultura do país onde vão atuar. Se os funcionários não entendem a cultura de um país, vai haver queda no engajamento e no lucro”, afirma.

Na Dow, multinacional da indústria química, por exemplo, os empregados estrangeiros em via de ser expatriados para o Brasil podem a fazer uma visita prévia ao país, custeada pela empresa, a fim de entender melhor a cultura local. “Essa viagem funciona para que o funcionário conheça o lugar que vai morar. Ele pode trazer a família para escolher a casa e, a partir do momento que estiver assentado, aprender o idioma. Oferecemos inúmeras opções para que eles entendam a cultura do país antes da mudança”, diz Mariana Mancini, líder de recursos humanos da Dow para a América Latina.

É preciso também, por outro lado, estar aberto a entender a peculiaridades culturais de quem vem de fora. “A empresa deve abraçar as diferenças e criar grupos de projetos multiculturais, capazes de fazer com que essas pessoas tenham suas tradições respeitadas na organização”, diz Pierre Jean-Quetant, country manager da Learning Tribes, grupo internacional de treinamento, de São Paulo.

Os benefícios das diferenças

Uma das maiores dificuldades de trabalhar com um time multicultural, para Mariana Mancini, da Dow, está na comunicação. “Cada povo se comunica de um jeito diferente – alguns são muito mais diretos, como os europeus; já os latinos tendem a evitar conflito”, afirma Mariana.

Mas as diferenças também podem ter suas vantagens. Uma delas é o enriquecimento do repertório de soluções propostas para os problemas e a criação de um ambiente propício à inovação. “Temos um caso de um alemão, uma argentina e uma mexicana trabalhando na mesma equipe e é muito interessante vê-los discutindo. Cada um tem uma visão muito diferente da mesma situação e, com isso, as decisões se tornam muito mais amplas”, diz Mariana Mancini, da Dow.

À distância

Quando as equipes multiculturais trabalham à distância, cada uma em seu país, um dos desafios para os gestores pode ser o feedback. Mas estar longe não é desculpa para que o chefe não avalie o desempenho dos profissionais. É preciso manter cultivar essa proximidade. “A gente precisa saber o que foi e o que não foi bom para não deixar que as coisas pequenas do dia a dia se tornem problemas de verdade”, afirma Pierre.

Alexandre Benedetti, diretor de Finanças e Tributário, Jurídico e RH da Talenses, acredita que as modernas tecnologias voltadas para a comunicação, como Skype, WhatsApp e até mesmo o bom e velho SMS, ajudam a encurtar distâncias. “A distância geográfica não é mais um empecilho tão grande por conta da quantidade de tecnologia disponível. Você pode estar quase pessoalmente com a pessoa mesmo não estando lá. O problema é medir o desempenho do funcionário mesmo com ele longe”, diz Alexandre.

Na Tlantic, empresa multinacional de tecnologia, uma das soluções encontradas foi garantir que todos os funcionários tenham um mentor em seu próprio país, a quem devem se dirigir quando têm algum problema – dessa forma, o suporte é sempre local. “Já o reporte funcional pode ser feito por Skype ou por outra ferramenta de videoconferência”, diz Paulo Magalhães, CEO da Tlantic, cuja matriz, no Brasil fica em Porto Alegre. Ou seja, para que o projeto de uma equipe multicultural de fato funcione, é preciso contar com as tecnologias, os processos e a atitude certos para encurtar barreiras físicas e comportamentais.