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Sempre fico abismado com a facilidade com que as crianças mexem em tecnologias que foram difíceis para eu me adaptar no início. Os tablets e smartphones com touchscreen parecem ser artefatos triviais na vida deles, utilizando todas as funcionalidades como se sempre tivessem existido.

A naturalização dessas tecnologias na rotina da nova geração está provocando mudanças radicais em diversos aspectos, como relacionamento pessoal e processamento de informações. E existe um setor que já começou a ser impactado, mas que se mostrará muito mais alterado nos próximos anos: o mercado de trabalho.

Algumas pesquisas apontam o número surpreendente de que duas a cada três crianças de hoje irão trabalhar em profissões que ainda não existem. Portanto, como preparar essas pessoas para um mercado que ainda não existe, que não sabemos como se comportará e nem quais as habilidades que irá exigir?

As relações tradicionais de trabalho não serão válidas para estes profissionais e serão substituídas por uma diversidade de formas de emprego mais informais, ágeis e adaptáveis. Flexibilidade de local de trabalho – respeitando os contratos, horários e locais – é o nome do jogo neste novo mundo de trabalhos autônomos, guiados por resultados e orientados por projetos. 

O conceito de “trabalho decente”, como nossos pais costumavam falar, já está passando por uma grande mudança. O emprego estável para se trabalhar a vida toda não faz mais sentido e as empresas precisarão se preocupar com mais do que um salário justo, estabilidade e proteção social. Integração social, liberdade de expressão e participação nas decisões que impactam suas vidas são condições que os novos e futuros profissionais não abrem mão. O “trabalho decente”, agora, deve contribuir para o empoderamento, proporcionar desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades, elevar a empregabilidade e criar oportunidades iguais para todos. 

Entre os resultados já captados em pesquisas e estudos da Randstad, entendemos que o caminho inverso também acontece. As empresas não querem mais ter colaboradores “substituíveis”. A busca, marcada por habilidades específicas que estão sendo desenvolvidas e demandadas, pressupõe um funcionário chave, fundamental e que estabeleça um vínculo longo com seus empregadores. É aí que reside o maior desafio dos Recursos Humanos, que vêm se tornando áreas extremamente estratégicas para as empresas: como selecionar as pessoas ideais, com um processo focado em talentos que possam suprir as habilidades necessárias e contribuir para o real desenvolvimento da companhia.

Um “talento” não se refere mais àqueles que performam melhor ou à força de trabalho permanente, mesmo que em funções específicas. Agora, talento é representado pelo poder coletivo de todos trabalhando juntos para alcançar as metas. 

Mesmo que o horizonte ainda esteja sendo desenhado, o impacto da tecnologia na empregabilidade se mostra promissora: a pesquisa “Future of work in the digital age” (o futuro do trabalho na era digital, em português), da Randstad, constatou que a contratação de um profissional “high-tech” cria outros 4 empregos fora da área digital.

No entanto, se ainda existem pontos nebulosos, a mensagem que o futuro passa para os jovens já é clara: estejam preparados, aprendam a viver com incertezas e sejam donos de suas carreiras.

* Gerente Global de Relações Públicas da Randstad